sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"Ele Me Ungiu Para Fazê-lo Conhecido"

93a Mensagem ministrada na XXI Assembléia Geral Ordinária da Convenção Batista Nacional em Ibitinga - São Paulo. Antonio José Sênior da Igreja Batista de Sião na Moóca.

Os discípulos não tinham a menor ideia, pelo menos uma ideia clara daquilo que Deus iria fazer deles. O que lemos em Atos dos Apóstolos deixa claro isso. Lucas que além de teólogo era um historiador faz questão de dizer que o que ele estava escrevendo correspondia as verdades dos fatos. Não era uma invenção, ou algum relato de algum mito, mas a verdade absoluta do que Deus fez logo após a partida de Jesus para os céus. Quarenta dias já haviam se passados desde a ressurreição. E Jesus estava na iminência de ser elevado aos céus. Mas e aí? O que aconteceria após isso? Parecia haver uma lacuna, um vazio. Era como tudo tivesse acabado. Jesus os orienta a permanecerem em Jerusalém até que lhes fosse derramado o poder do alto. Poder que, pelo visto, iria capacitá-los a serem testemunhas de Jesus, não só ali em Jerusalém, mas nas demais áreas e até os confins da terra. Uma coisa já estava claro ali, sem esse poder, isso não os tornaria capazes. Eles acham até que àquele momento era o momento do reino de Israel ser restaurado. Mas, logo Jesus os adverte, querendo dizer talvez que isso era o de menos, pois, o maior ainda estava por vir. Era, porém, segundo a ordem de Jesus que eles ficassem unidos e em Jerusalém até que do alto fosse lhes dado poder. Neste pequeno verso, Jesus começa já revelando algo muito importante, ao menos nas entrelinhas, ou expressamente era necessário que a unidade do grupo fosse mantida. Que ninguém fosse disperso. O poder não iria alcançar os sujeitos separados lá onde quer que estivessem. Ao contrário Deus iria mandar o seu poder para um grupo de pessoas. E desde então, a unidade vai fazer parte da nova comunidade que iria nascer. Os discípulos ficaram pois, juntos em oração num determinado espaço, tal como o Senhor havia ordenado. Talvez surgisse aqui no coração daqueles discípulos um sentimento de ansiedade e expectativa. Eles não ficaram dispersos, mas junto perseverando no mesmo lugar. Viram que era necessário que escolhessem  mais um discípulo para substituir o Judas. Mas, o mais importante foi o que aconteceu cinquenta dias após a Páscoa. Os discípulos todos reunidos e de repente como forma de língua de fogo o Espírito Santo começou a descer sobre cada um dos presentes na reunião e todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar novas línguas. Línguas as mais diferentes de acordo com as pessoas que estavam ali no decurso da festa de Pentecostes. Os mais diferentes dialetos e línguas. Eis aqui apenas uma pequena amostra do que Deus iria fazer. O Pentecostes, conhecido por nós como o derramamento do Espírito Santo já nos coloca diante de uma missão: FAZER O EVANGELHO CONHECIDO À TODAS AS CULTURAS:

  1. O Espírito Santo quebra com o paradigma do ostracismo. 
  2. O Espírito Santo quebra com a indiferença cultural. 
  3. O Espírito Santo quebra com paradigma do preconceito, do proselitismo, da religiosidade vazia. O Espírito Santo tem algo a comunicar e que todos precisam ouvir. 
  4. O Espírito Santo renova os ânimos. Quem o recebe se emociona. Não há como não admitir que foi uma experiencia que mexeu com alma, com a emoção, com todo o ser. 
Ninguém fica inerte, pois o Espírito Santo quebra com a letargia.
Os discípulos já estavam orando. Mas, isso não era o bastante. Deus iria constituir aqueles homens como suas autoridades. Deus queria fazer daquele grupo a embaixada de Cristo na terra.
O Espírito Santo impulsiona a testemunhar o que se experimenta na alma e no coração.

Todos os que estavam em Jerusalém ao verem o que aconteceu ficaram petrificados e julgavam que os discípulos estavam embriagados. Essa narrativa de Lucas merece uma observação. Se o derramamento do Espírito foi capaz de chamar a atenção dos que ali estavam na ocasião da festa pentecostal, mostra que foi algo:

  1. Aconteceu uma efusão, ou seja, uma ação capaz de provocar manifestação de sentimentos, emoção. 
  2. Houve uma comunicação de sentimento, ou seja, não foi algo para dentro de si, mas de dentro de si para fora. 
  3. Houve um epifenômeno, ou seja algo que se uniu (O Espírito Santo e os discípulos) e provocou uma reação dinâmica ao ponto de ser observável. 
  4. Se não houvesse nada disso, os que estavam ali não teriam observado nada. 
Pedro foi mobilizado, desta vez não, por sua impulsividade. Por meio da impulsividade, Pedro cometeu alguns deslizes. Mas, é interessante observar quem foi o Pedro há pouco tempo atrás. Pedro foi covarde ao negar a Jesus. Fugiu da cruz. Desta vez é diferente. Pedro fala com a autoridade, não dele, mas autoridade de Deus, autoridade delegada pelo derramamento do Espírito... Pedro já tinha o Espírito Santo desde seu batismo, sim com certeza, mas o Espírito Santo apenas o convenceu do seu pecado. Quando Pedro chorou diante do olhar de Jesus, ele foi movido pelo o Espírito, mas no Pentecostes isso foi diferente, no Pentecostes o Espírito estava sendo derramado para capacitá-lo junto com os demais. Que o Espírito Santo nos comova e nos leve ao arrependimento isso é sem dúvida uma verdade, mas não podemos perder de vista que no Pentecostes o Espírito não somente chama o homem para o arrependimento, mas chamou-o para ungi-lo para fazê-lo conhecido. O Espírito Santo capacitou a Pedro com...
  • Ousadia. 
  • Determinação. 
  • Com coragem 
Com firmeza e ousadia ao ponto de dizer: " Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção. Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. Atos 2:29-32. Pedro não temeu os sacerdotes; não temeu os religiosos, não fugiu da cruz; não se atemorizou. Com firmeza de espírito e convicção pregou com veemência. Mas, isso não era mérito dele. Pelo visto ele tinha claro na sua mente e no seu coração que Deus o "UNGIU PARA FAZÊ-LO CONHECIDO".

Os ouvintes se comoveram! O Espírito Santo trabalhava; colocou mais de três mil pessoas chorando o seu pecado. E arguido o que precisavam fazer, sem pusilânime, Pedro respondeu: ARREPENDEI-VOS! Com esta palavra: arrependei-vos, Lucas traduz para seus leitores que esse sentimento é o arcabouço da história da Igreja dali pra frente. A Igreja vai se formando, e Pedro não se intimidava. Indo ao templo como bom judeu que era. Talvez Pedro não tivesse a ideia do que Deus iria fazer, ele e os demais julgavam que eram eles os verdadeiros judeus, pois acreditaram na promessa messiânica sendo cumprida. Mas, para os judeus mais radicais, estes começaram a ver nos discípulos mais um grupo herege que um grupo de judeus verdadeiros. Mas, quando Pedro subia ao templo levaram um paralítico. Pedro ousadamente disse àquele homem que ouro e prata não tinha... Pedro foi "lembrado" pelo Espírito Santo as ordens de Jesus, "em meu nome imporão as mão sobre os enfermos e estes serão curados". Pedro não hesitou. Disse que não tinha dinheiro, mas ele tinha algo melhor; o que ele tinha não era uma esmola, mas uma dádiva de Deus para mudar a história daquele desvalido e excluído pela sociedade judaica. O que ele tinha era Jesus e em nome desse Jesus ordenou que o paralítico andasse. Isso fez com que Pedro se posicionasse, pois, o ex-paralítico não deixava os dois, Pedro e João... E então Pedro começou a pregar. E isso provocou uma reação de hostilidade dos seus iguais, pois ensinava em nome de Jesus. Obsevem que, a notícia logo chegou nos ouvidos desses sacerdotes. Sem se preocuparem com a multidão convertida, prenderam Pedro e João. Colocaram-no no cárcere e lá ficaram a noite toda... As vezes fico pensando o que passava no coração daqueles dois discípulos naquela noite... Medo? Incerteza? Eu penso que não... Pois no dia seguinte por conta dos cinco mil novos discípulos, as autoridades religiosas chamaram a Pedro e João para se explicarem. Ousadamente, Pedro aproveitou para dizer: "Foi em nome de Jesus, Nazareno, àquele a quem vos crucificastes, mas a quem Deus o ressuscitou dentre os mortos, é por seu nome e por nenhum um outro que este homem fora curado." Mas, Pedro não parou aí. Ele ousou e disse: Em nenhum nome há debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos, a não ser o nome de Jesus... Quanta determinação? Quanta coragem? Isso fez com que os religiosos ficassem admirados, pois perceberam que Pedro e João eram homens sem formação, sem cultura, iletrados... Mas, o que os levava a falarem com tanta convicção e sem medo? Os religiosos ficaram sem argumentos... Ficaram até emocionados! Mas não foram capazes de se renderem, ao contrário, o que eles poderiam fazer? Proibir aos pregadores que não falassem mais no nome de Jesus. Então depois de discutirem chegaram aos discípulos e lhes ordenaram que não falassem mais no nome de Jesus. Mas, intrepidamente Pedro se posicionou:
Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido. Atos 4:19-20. Deus nos ungiu para fazê-lo conhecido. Pedro e João tinham plena consciência dessa verdade, por isso, ousadamente, movido pela unção, respondeu com determinação. Isso quer dizer...
  • A unção de Deus nos leva a experimenta-lo como Deus e Senhor de nossas vidas. 
  • A unção de Deus nos leva a experimentar a salvação em Cristo, e nos dá convicção de nossa redenção em Cristo. 
  • A unção de Deus nos leva a exercermos a autoridade de Deus na terra. 
  • A unção de Deus nos capacita a testemunharmos sobre Deus. 
  • A unção de Deus nos encoraja a testemunhar daquilo que experimentamos. 
  • Quem não testemunha nunca experimentou as grandezas de Deus. Nunca experimentou a salvação em Cristo. 
  • Quem não testemunha é apenas um simpatizante do evangelho e não um discípulo disposto a anunciar.
  • A unção de Deus é autoridade de Deus em nós.
Assim que os apóstolos saíram da presença das autoridades religiosas foram para a 'igreja' = junto dos seus. A igreja começa a ter um corpo, a igreja começa ser formada sob o olhar da unidade, sob o olhar do fortalecimento e da oração. Ali oraram... Lucas teólogo e historiador fez questão de traduzir o conteúdo da sua oração: 
  1. Reconhece a soberania de Deus sobre a criação. Deus está no comando de todas as coisas. 
  2. Reconhece atuação do Espírito desde o Antigo Testamento.
  3. Reconhece que a experiência que eles estavam passando era obra do Espírito Santo.
  4. Reconhece que as autoridades humanas se coligaram, inclusive Israel contra o Ungido de Deus.
  5. Na oração os apóstolos reconhecem que Herodes, Pilatos, os pagãos e Israel se coligaram contra o servo Jesus a quem Deus ungiu.
Até aqui os apóstolos não fizeram nenhum pedido, mas apenas, exaltaram a Deus; oraram a própria palavra. Declararam a verdade da Palavra. Isso mostra o quanto eles estavam absolutamente firmados na verdade da Palavra de Deus; estavam convictos de que todas as profecias estavam se cumprindo. Declararam o quanto eles estavam dispostos. Finalmente, eles formulam o pedido. O pedido não manisfestou nenhum sentimento de medo, nem de pusilânime, ao contrário, eles pedem ousadia... 
  1. Não feche aos olhos diante das ameças, Senhor. 
  2. Não queremos ser pusilânimes; ao contrário, nos dê OUSADIA.
  3. Intrepidez na palavra para que continuassem a anunciar a palavra.
  4. Enquanto isso, estendes as tuas mãos para acontecer os milagres.
Enquanto, eles oravam, observem o que aconteceu: TREMEU o LUGAR, e todos ficaram CHEIOS do ESPÍRITO SANTO e com INTREPIDEZ, ou seja, com OUSADIA, eles anunciavam a Palavra.  Ele nos ungiu para fazê-lo CONHECIDO. O lugar.... 
  1. O poder de Deus quebra barreiras.
  2. O poder de Deus mexe com a estrutura humana.
  3. O poder de Deus testifica o sobrenatural. A mente humana não é capaz de alcançar.
  4. O poder de Deus estremece e quebra o cedro do Líbano.
O lugar tremeu como testificação de que ERA ele, o próprio Deus que os ungiu para FAZÊ-LO CONHECIDO. Onde a unção de Deus está nada fica inerte, nada fica sem vida, nada fica letárgico, nada fica amargo, nada fica infrutífero. Onda há a unção de Deus, há vida, renovo, alegria, certeza, ânimo, regozijo....