domingo, 9 de dezembro de 2012

"ÁGUAS QUE DESCEM DO ALTAR"

110. “O Ministério é como dor de parto” Pastor Antonio José de Souza Pinto proferida no dia em que completa 25 de sacerdócio pastoral. São Paulo 09 de dezembro de 2012. Texto: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós...” Gálatas 4.19. 

Meus amados, não vejo outra maneira de traduzir este dia em que completo 25 de ministério pastoral, senão com este texto no qual Paulo expressa o sentimento que experimentava na sua alma em relação aos crentes. E este é o mesmo sentimento de todo o pastor sincero, vocacionado, chamado realmente por Deus, e que não faz de sua laboriosa tarefa, uma profissão, mas um sacerdócio. Mas, que fique claro que a dor de parto não é apenas marcada por um sofrimento, mas concomitante  também por regozijo e alegria em saber que após o nascimento do seu bebê ou no decurso do seu parto, a mãe contemple o filho em seus braços. É maravilhoso gerar. Gerar filhos carnais é maravilhoso sim, mesmo que com dor, o sentimento de regozijo. Mas, no caso do filho espiritual, gerar filhos espirituais também é recheado de regozijo, mas de sofrimento, também. O que espera um pastor?... Que seus filhos cresçam e se tornem como disse Paulo, a “estatura de varão perfeito”, mas até aí esses filhos demoram a chegar... É doloroso para um pastor “perder” uma vida, ou seja, uma ovelha que deixa o rebanho no qual pastoreia. Isso é apenas um exemplo, dentre tantos... Talvez os irmãos não saibam  o quanto isso é sofrido. Bem quisera que uma ovelha permanecesse a vida inteira na igreja; é alegria do pastor ver os filhos crescerem, batizar os filhos dos filhos, casa-los, e poder “contar” com suas ovelhas em todo o tempo de sua existência. As pessoas que abandonam o ministério não sabem o dano que causam na alma do pastor. Não fazem ideia do dano que causam. E o pior é quando um determinado irmão ou irmã corteja o pastor, e o elogia, ao dizê-lo “amado pastor Antonio, saiba que eu te amo, mas... Meu lugar não é mais aqui”... Mas, eu pergunto o que é amar para essas pessoas? O que elas entendem por amor? O que quer dizer “eu te amo?” Será que essas pessoas sabem o que isso significa? Eu creio que não. E sabem por quê? Numa das definições sobre o amor, Paulo disse “que o amor não busca os seus interesses”... “Que o amor tudo suporta e tudo espera... Que o amor não se ensoberbece”. Logo, pelo visto, estamos aquém do amor declinado por Paulo. O mais doloroso para um pastor não nem perder uma ovelha, mas ouvir da boca dela a expressão de um sentimento que a gente sabe que não é verdadeiro. A dor de parto do pastor é, pois lidar com o contraditório; é lidar com esses entraves, transitar entre o falso e o verdadeiro, entre a  hipocrisia  e o coerente. A dor do pastor é lidar com o mistério; pois, lidamos com os corações humanos e não sabemos o que se passa lá dentro, não sabemos se esse coração é fiel. Para resumir o que é um ministério pastoral eu me apoio ainda na passagem de Gênesis cap. 31.38-41, no qual, Jacó presta um relatório ao Labão dos seus trabalhos dos vinte anos nos quais trabalhou para ele. O texto ilustra muito bem  o ministério de um verdadeiro pastor.
  • Vinte anos Jacó trabalhou para Labão. 
  • Nunca deixou que nenhuma ovelha abortasse.
  • Não comeu nenhum carneiro ou cabra.
  • Nunca trouxe nenhuma ovelha despedaçada.
  • E aquela que era despedaçada ele pagava.
  • Labão requereria as ovelhas perdidas.
  • De dia o calor lhe consumia a noite a geada, e havia noite que não dormia para tomar conta das ovelhas.
  • O salário de Jacó foi mudado dez vezes
O verdadeiro pastor lida com a mesma realidade que Jacó em relação ao seu sogro. Mas, isso é mais que atividade comum, é uma causa; é abraçar uma causa; é viver uma causa por amor àquele que o regimentou. Portanto, o ministério pastoral não pode ser reconhecido como profissão, pois, se isso acontecer o trabalho pastoral estará sendo comparado a qualquer atividade do mundo secular, e essa atividade que lida com o divino e o humano, não pode ser comparado a qualquer profissão, pois a mesma é muito mais, pois, enquanto, as profissões humanas preparam para a manutenção da sobrevivência aqui na terra; o ministério pastoral prepara os homens a viverem bem aqui na terra, e ainda trabalharem para esses mesmos homens olharem para o céu; os pastores trabalham para a sobrevivência no céu.
Oremos...