2o Samuel 21,10. "Então Rizpa, filha de Aías, tomando um pano de cilício, estendeu-o para si sobre uma pedra e, desde o princípio da sega até que a água caiu do céu sobre os corpos, não deixou que se aproximassem deles as aves do céu de dia, nem os animais do campo de noite..."
Reflexão:
Nestes dias eu estava pensando muito nesse texto; mas um texto intrigante. E então me pergunto, o que Deus quer me dizer com isso, levando-se em conta que o texto é de um livro canônico, ou seja, um livro no qual acreditamos ser a palavra de Deus. Se é palavra de Deus, o que o texto como esse tem a nos ensinar? E eu tenho uma coisa comigo, assim que termino de ler um texto, eu me pergunto: qual o sentimento que tive ao ler, melhor dizendo, qual a ideia que passou na minha cabeça? E é a partir dessa ideia que começa a minha reflexão. Me vem na mente um forte sentimento de vingança por parte dos gibeonitas, um sentimento que nada poderia compensar o ódio que estava no coração daquela família; o que queremos diziam os filhos dos gibeonitas, é sangue, o que queremos, ouro no mundo pode pagar, queremos a morte, queremos todos os que nos causaram dano mortos, pendurados na forca. A justiça de Deus está presente, e nela o mal provoca a morte. Mas, quando Davi soube que a fome era por causa dos filhos de Israel que mataram os gibeonitas, Davi não perguntou ao Senhor o que fazer, mas perguntou aos corações feridos, cheios de rancores, de ódio, que querem? Eles responderam - a vingança, a morte. Por outro lado, outra ideia ficou na minha cabeça que é absolutamente surpreendente, foi a atitude dessa mulher, que aparece tão pouco na Bíblia, mas seu gesto tão grande quanto o pequeno trecho que a relata. A mulher viu seus filhos sendo enforcados. Vocês tem ideia do que é ver os filhos sendo enforcados? A dor de sua alma foi tão grande, de modo que, como os filhos morreram como malfeitores, não eram dignos nem de serem sepultados, mas, ela tomou uma atitude, num período de seis meses ela vigiou os corpos dos filhos, impedindo que os urubus devorassem de dia, e as feras de noite. Eis a paixão por perseverar sempre. O amor é uma paixão "absurda". O amor é luta pela integridade do outro; o amor exige uma atitude nem que essa atitude possa constranger os outros; o amor é mais que um sentimento, é mais que uma vontade; o amor é uma paixão pela vida; uma paixão pelo outro, é uma paixão que exige luta; garra, entusiamos. Em contraste a vingança dos gibeonitas, Rizpa mostra a benevolência, a paixão pela vida, a paixão pela dignidade do outro, a paixão pelo zelo; a paixão que não tem fim, apenas o começo.