quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

05/2014 - "O amor não tem limites"

Gênesis 45,1-5.“Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos sair da minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó. Disse, então, José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois estavam pasmados diante dele.José disse mais a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.  Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós. 

Reflexão: Quando leio este texto a sensação que me vem é uma só, ou melhor, me surge uma questão na mente - será que o meu perdão é suficiente pra provocar comoção, choro? Às vezes penso que não. Mas, não foi o que aconteceu com José; pra ele o perdão não teve limite. Foi humilhado pelos irmãos, jovenzinho, traído pelos irmãos; o mais querido pelo pai Jacó, nem isso fez mudar a cabeça da insólita dos irmãos, da raiva, da inveja. José não tinha como se defender afinal eram onze contra um; mas, tinha um sim, Rubem que queria poupa-lo; mas pouco adiantou. O jovenzinho inocentemente chegou até aos irmãos para vê-los como estavam; mas, dele fizeram desdenho, ironizando-o chamando-o de sonhador. Imaginemos um jovem cujo pai velho o amava. O que não passava no coração daquele pobre menino. Lá estava ele, sem a túnica que tanto amava, presente do seu velho pai. Lhe tiraram a túnica, despojaram o rapaz talvez daquilo que guardava com apreço; a túnica que o pai lhe havia tecido e lhe dado. A "túnica" símbolo do que temos de mais sagrada - nossa identidade; nossa face. Tudo estava traçado na mente maligna de seus irmãos. Mas, agora, depois de vinte e três anos, os irmãos estavam ali diante daquele irmão que um dia o odiaram e o venderam como escravo. Mas, Jesus deu uma das mais belas narrativas de perdão. Por isso dizemos, que o amor não tem limites, o perdão não tem limites; é uma paixão que racionalmente não dá para entender. O que é perdão? O que é perdoar? Perdão é uma vantagem para o ofensor; é uma desobrigação de qualquer culpa de quem faltou e pecou. Era isso que significava o choro do José. A saudade do pai, e até dos próprios irmãos era maior de qualquer culpa; maior de que qualquer diferença; maior de que qualquer desgraça moral. E ainda José para tranquilizar e minimizar o constrangimento, deu todas as garantias aos irmãos de que o próprio Deus conduziu toda a história. Estava, pois no plano de Deus a vinda dele para o Egito com o fim de suprir a necessidade que os irmãos teriam que passar. O perdão não tem barreira, o perdão é o único sentimento capaz de destroçar com as diferenças, com os muros que nos cercam. O perdão provocava um som capaz de estremecer a base de toda a estrutura humana.